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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Período Democrático de Getúlio Vargas

Texto de Ana Paula da Rocha Lima
Em: http://ciadosblogueiros.blogspot.com/2010/11/periodo-democratico-de-getulio-vargas.html:



Numa Democracia Populista o Governo se apoia numa mobilização popular, principalmente pelo voto, mas na verdade quem comanda são as elites com os chefes políticos que conduzem o país sócio-economicamente, e quando percebem alguma tensão popular dão concessões com objetivo de apaziguar tais tensões sempre visando a manutenção desta elite.

Getúlio Vargas era acusado de populista e o termo varguismo seria um conjunto de ideias nacionalistas com objetivo de modernização industrial e autonomia política diante de grandes potências como EUA. Foi deputado estadual e federal, Ministro da Fazenda e assumiu a Presidência de República em 1930 através de um golpe. Eleito em 1934 se manteve no poder até 1945.

Em 1951 voltou ao poder novamente como Presidente. Durante seu governo, aumentou a industrialização e em decorrência disso, com um maior poder aquisitivo e dinamização do capitalismo, a urbanização, a classe média e o operariado destacam-se neste jogo político.

A Constituição aprovada em 1946 em vigor até 1964 tinha uma política chamada Liberal Democrática , havendo divisão dos poderes - Legislativo, Executivo e Judiciário- ,voto individual para Câmara e Senado, liberdade de expressão e de imprensa e voto das mulheres.


Economicamente, o Governo de Getúlio foi do liberal ao maior controle do Estado. Neste período, com a Guerra Fria entre EUA e União Soviética, há uma confraternização das Nações o que obrigava os países a tomarem uma posição comunista ou capitalista.

Em 1950 Getúlio, ganha apoiado por empresários e trabalhadores urbanos, mas agora ele tinha que lidar com um processo democrático , divisões no interior do exército e um quadro econômico complicado pela inflação. A intervenção do Estado na economia continuava a existir (exemplo disso, a luta pela Petrobrás) e com o objetivo de "andar com as próprias pernas" surge um sentimento nacionalista, ou seja, valores nacionais adotados pelo povo.

Um dos personagens principais do populismo de Vargas, foi João Goulart, que quando Ministro do Trabalho de Vargas chegou a dar 100% de aumento de salário aos trabalhadores, fato ,esse que desagradou a elite industrial, mas que logo se conformou por lucrar muito com a industrialização Vargas. Fato é que no segundo mandato de Vargas, o populismo foi usado para manipular seus objetivos e isto assustou os conservadores.

Alguns movimentos fugiram do controle do populismo de Vargas, onde entre partidários e inimigos se destacava Carlos Lacerda , jornalista da Tribuna da Imprensa. Usando o jornal como meio de proliferação de ideias, Lacerda ataca ferozmente o populismo de Vargas. Ele incomodava o Governo.

No círculo do poder dentro do Palácio do Governo, articula-se o assassinato de Lacerda, mas mal executado, a ação foi um desastre. Mataram um major da aeronáutica no lugar de Lacerda e este passa a ser visto como mártir. A morte do major deu argumentos aos seus opositores.

Os íntimos de Getúlio eram acusados de corrupção e outras várias acusações que o próprio Getúlio chamou de "mar de lamas", os problemas o levaram a cometer suicídio com um tiro no peito em 24 de agosto de 1954. Getúlio foi a figura política mais importante do século XX no país.

Depois de sua morte, toma posse o vice Café Filho que faz uma política favorável aos opositores de Vargas.

Estabeleceu-se uma união entra PSD e PTB (união histórica) que lançaria como candidato Juscelino Kubitschek, e em outubro do mesmo ano, houve as eleições. Setores adversários de Vargas, como a UDN e militares se opuseram a posse de Juscelino.

Café Filho sofre um ataque cardíaco e seu vice tomaria posse, mas um golpe preventivo do General e político Teixeira Lott, garantiria a posse de Juscelino em janeiro de 1956.

O Governo de Juscelino se realizou relativamente tranquilo, ele muda os rumos da política econômica, usa um programa de metas admitindo num crescimento econômico incentivos e investimentos em setores privados como a Volkswagen por exemplo.

Brasília foi um projeto urbanístico visando o desenvolvimento do Planalto Central o que se tornou emblema do avanço da civilização. Mas no final de seu Governo crises internas agravam a situação, pois as indústrias não mantiveram seu crescimento, o desemprego aumentava e consequentemente trabalhadores pressionavam o Governo para tentar estancar as desigualdades sociais.

A sucessão de Juscelino se deu de forma democrática , tendo como candidato Jânio Quadros que percebeu que a moralidade pública seria uma boa propaganda política, e Teixeira Lott, que era um general respeitado no meio militar, mas não entre as massas populares. Jânio vence as eleições em 1961.

Fez uma política conservadora, tentava controlar a inflação mas em pouco tempo perdeu o apoio da maioria que não confiava nele. Ficou no Governo por apenas 8 meses.

Ele renuncia pensando numa volta, pensando que o povo faria com ele como fizeram com Vargas, mas sua renúncia foi aceita.

Cria-se um regime parlamentarista, também rechaçado por setores interessados . Seu vice toma posse, no caso João Goulart, considerado pelas elites junto com Leonel Brizola herdeiros do Varguismo.

Com receio do que poderia acontecer, setores conservadores por meio de emendas constitucionais, limitam o poder do Presidente submetendo-o as regras do parlamentarismo, mas um plebiscito o restitui ao poder pleno em janeiro de 1963. O povo era contra o parlamentarismo por que estavam de olho nas Reformas de Base prometidas por Jango, que seriam um conjunto de ações governamentais promovedoras da reforma agrária, e bancária entre outras com objetivo de dar continuidade ao desenvolvimento econômico, ampliar o mercado interno e atender as demandas populares crescentes em todo país.

Acrescente-se ao medo dos opositores o fato de que o PTB, (partido de Jango) ter recebido apoio do PCB que acreditavam que modificações internas levaria a Revolução Socialista, havia o sucesso da Revolução Cubana em 1959, e para os conservadores, industriais, latifundiários e banqueiros, esta aliança e as Reformas de Base eram entendidas como implantação do Comunismo no Brasil.

Tudo isso desfavorecia a influência americana no Continente, e assim, os EUA passaram impedir conflitos e revoltas sociais que pudessem modificar a ordem interna do país que estivesse sob sua influência ( não podemos esquecer que haviam muitas empresas multinacionais no país).

Assim os últimos dias de Jango no poder foram conturbados e até setores da esquerda o acusavam de tímido e reformista, quando para eles a saída seria a Revolução Popular.

Ele recebia críticas de todos os lados- esquerda e direita- e sem poder atender a ambos, o governo torna-se fraco e elite e militares iniciam uma conspiração contra ele.

A classe média (lembremos sempre que esta classe surgiu em maior escala no Governo de Vargas e temia perder o espaço já conquistado), que temia as Reformas de Base e o comunismo também queria derrubar o Governo.

Todas as crises socioeconômicas quanto a organização dos trabalhadores em movimentos sociais e sindicatos , para a elite eram sinônimos de fraqueza e a não aprovação da elite resulta no Golpe Militar.

2 comentários:

  1. E toda essa história tem por trás os mesmos desde esse tempo. Hoje com o enfraquecimento dos sindicatos que no qual seus dirigentes só querem fazer carreira política fica muito mais dificil achar quem agrade em cheio ao póvo brasileiro.
    Getulismo foi um engôdo para os brasileiros e hoje querem que nossa democracia seja extinta em prol das elites, menos é claro a elite militar. que perdeu sua autoconfiança e poder.
    No mais vemos atitudes como a estudante de direito que quis acharcar os note/nordestinos como se nós fôssemos culpados de ter uma elite de má qualidade no país como as que integram os partidos que se opuseram a Dilma e Lula.
    Naquela época eu não entendia nada disso, mais hoje fazemos de tudo para que fiquemos por dentro da política no Brasil.
    Abraço

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  2. Lucieira
    O Brasil tem mudado muito e haverá que mudar muito mais para termos um povo influente e decisivo. Consciderando o mapa político da última eleição. Percebo que a maioria esta mostrando que as politicas sociais, a inclusão social, o respeito as diversidades, a desentralização dos investimentos esta aniquilando aos pouco os conservadores. O Brasil esta encontrando a sua identidade e exportando a sua imagem.

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